Em evento da Coden, especialista considera possível crise hídrica entre 2025 e 2027

Reconhecendo a responsabilidade coletiva de cuidar bem da água, a Coden Ambiental, concessionária dos serviços de Saneamento Básico de Nova Odessa, reuniu no Teatro Municipal, na manhã dessa terça-feira (05/11), autoridades, lideranças comunitárias e religiosas, educadores, gestores de condomínios e representantes de entidades assistenciais para a palestra “Variação do clima e seus impactos na infraestrutura hídrica”, ministrada pelo hidrólogo e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo.

Na abertura, o prefeito de Nova Odessa, Claudio José Schooder, o Leitinho, falou sobre os investimentos do seu governo na segurança hídrica do município, destacando a conclusão da Estação de Tratamento de Água ETA 2 – Santo Ângelo e as obras para levar água encanada à região do Pós-Anhanguera. “Temos trabalhado muito para que não falte água em Nova Odessa com obras e serviços que estão recuperando os recursos existentes e agregando novas melhorias”, afirmou ele.

Preservação das nascentes

Na ocasião, o presidente da Coden, Elsio Boccaletto, anunciou uma parceria com a Secretaria Municipal de Obras, Projetos e Planejamento Urbano para a elaboração de um plano de recuperação da vegetação ciliar às margens das nascentes do município. “A ordem de serviço da prefeitura já foi assinada e, em breve, teremos um cronograma e os projetos a serem desenvolvidos”, explicou ele.

Ciclo de Schwabe

Durante sua apresentação, o Professor Zuffo analisou o comportamento hídrico da região de São Paulo e as Bacias PCJ e destacou um padrão climático, conhecido como Ciclo de Schwabe, que prevê a ocorrência de crises hídricas em intervalos de aproximadamente 11 anos. Zuffo também mencionou crises anteriores em 2003 e 2014/15 e, de acordo com ele, se esse padrão se repetir, o próximo evento hidrológico extremo é esperado entre 2025 e 2027.

Efeito José

Zuffo ainda abordou a questão das vazões Q7,10, que representam a média de sete vazões diárias consecutivas, podendo se repetir, em média, uma vez a cada dez anos. Ele alertou que essas vazões estão diminuindo nos rios da região devido ao Efeito José, fenômeno que causa longos ciclos de períodos úmidos e secos, com intervalos de 30 a 50 anos.

Para exemplificar, o professor citou na Bacia do Rio Camanducaia, onde a vazão Q7,10 caiu de 8,03 m³/s no período úmido anterior para 2,78 m³/s no período seco atual. Segundo Zuffo, esse declínio é preocupante, pois indica uma fase de estresse hídrico que pode durar mais 30 anos.

Efeito Noé

Além dos ciclos regulares, Zuffo mencionou o Efeito Noé, que se refere a eventos climáticos extremos e pontuais. Esses são imprevisíveis e podem causar danos significativos em curto prazo. Um exemplo recente foram as precipitações no Rio Grande do Sul em maio deste ano, que ficaram 455% acima da média histórica.

Impactos das crises hídricas

Zuffo também chamou a atenção para os possíveis impactos de uma nova crise, como a redução da geração de hidroeletricidade e a queda da produtividade agrícola devido à diminuição das chuvas.

Medidas para aumentar a segurança hídrica

Para minimizar os impactos das futuras crises e aumentar a segurança hídrica, Zuffo recomendou aos gestores duas medidas principais. Uma delas é considerar as variações climatológicas extremas, como os ciclos do Efeito José, nos planos de longo prazo para Abastecimento, Energia, Irrigação e Indústria. Outra, é a construção de reservatórios adicionais de regularização, que podem armazenar água durante períodos de abundância e liberá-la durante períodos de seca, ajudando a manter um fornecimento estável.

     

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